quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Ândrocles e o Leão

Há muitos séculos vivia em Roma um pobre escravo que se chamava Ândrocles. Seu amo era um homem cruel e o tratava tão mal que um dia  ele fugiu. 

 Ândrocles escondeu-se na selva durante muitos dias. Nada encontrava para comer, entretanto, e ficou tão fraco que pensou que iria morrer. Depois de andar à procura, refugiou-se numa caverna. Deitou-se no chão e adormeceu.

Depois de certo tempo, um leão havia entrado na caverna e rugia alto. Ândrocles ficou petrificado porque achava que a fera o atacaria. Logo se deu conta de que o leão não queria devora-lo e que ele mancava como se tivesse a pata ferida. 

    Ele perdeu o medo. Pegou a pata ferida para ver o que havia. O leão ficou quieto e encostou a cabeça no ombro de Ândrocles. Parecia estar dizendo: " Eu sei que você vai me ajudar."

 O escravo fugitivo ergueu a pata do leão e viu que ali estava encravado um espinho agudo e grande. Pegando a extremidade do espinho, tirou-o com um rápido puxão. O leão ficou aliviado e saltou como um cãozinho, lambendo as mãos e os pés de seu novo amigo. 
    Depois disso, Ândrocles sentiu-se completamente confiante, e quando chegou a noite, ele e o leão dormiram um ao loado do outro. Por muito tempo o leão lhe trazia diariamente o alimento, e os dois chegaram a se tão bons amigos que Ândrocles ficou contente por sua nova vida.  

    Um dia, alguns soldados estavam passando pela selva e encontraram Ândrocles na caverna. Eles sabiam quem era aquele homem e, usando de força, o levaram de volta a Roma. Naquele tempo havia uma lei que dizia que todo escravo que escapasse de seu amo teria que lutar contra um leão faminto. Assim que puseram o leão feroz na jaula e o deixaram sem comer durante certo tempo, fixou-se a data da luta.   

    Quando chegou o dia, milhares de pessoas ajuntaram-se para ver o combate. Ândrocles estava quase morto de medo, porque podia escutar os rugidos do leão fam

into. O escravo agora condenado olhou a multidão, porém não encontrou nenhum gesto de piedade naqueles milhares de rostos. 

    Entra então na arena o predador. Com um simples salto, aproximou-se do pobre escravo. Ândrocles deu um tremendo grito, mas não foi de medo e sim de alegria, porque o leão era seu velho amigo da caverna.

O público que estava esperando ver o leão despedaçar o escravo ficou em silêncio. Viram Ândrocles abraçar o leão, enquanto o grande felino se abaixava e lambia os pés do escravo. A enorme fera esfregava a cabeça contra o rosto dele em carinho. A multidão não entendia nada. 

    Logo estavam pedindo a Ândrocles que explicasse o que estava ocorrendo. Assim que ele se colocou de pé com seus braços envolvendo o pescoço do leão, contou que ele e a fera haviam vivido juntos numa caverna. "Eu sou um homem", disse, "porém, nunca ninguém me protegeu. Esse leão tem sido bondoso comigo e nos queremos como irmãos." 

    O povo não queira ser cruel com o pobre escravo. Começaram a compadecer-se dele. "Que o deixem em liberdade para viver!", gritavam, "que o libertem", seguiam gritando.




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